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Uma porta para o nada

    Um homem, depois de cometer um crime terrível crime, que o perturbava em sua consciência, tentou de todas as maneiras livrar-se da culpa, e, após certo tempo, pensou, equivocadamente, em rejeitar a ideia de que a moral é construída em sociedade e em aderir à mentalidade de que cada indivíduo pode criar a sua própria moral frouxa, que muda de acordo com seus erros. Mas seu tribunal interno continuou a gritar, e, mesmo diante das distrações que buscava para não manter a mente em silêncio, o julgamento ainda podia ser ouvido: culpado.     Buscou livrar-se do que considerava um tormento no dualismo, no ceticismo, na ética filosófica e, em um dado momento, encontrou no mar do materialismo uma solução: a morte lhe seria o momento em que não mais ouviria uma terrível voz de julgamento pelo mal que realizou. O nada seria a sua solução, a não existência se tornaria o lugar mais adequado para o seu sofrimento. Precisava apenas suportar o julgamento, uma consequência da construção social,
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A perversidade pela conquista da paz

       Qualquer sociedade ou grupo, para se manter alinhado, necessita de paz entre os seus membros, caso contrário, estaria submetido a uma pressão capaz de minar a união por um propósito, ao levar a um ambiente de desconfiança entre as partes. A paz nunca foi algo barato de se conquistar, e exige de qualquer liderança um compromisso com as virtudes, como a verdade e a honestidade, mas nem sempre os homens querem pagar um alto preço para alcançá-la. É quando decidem lutar pela paz como um dever apenas, mas querer e dever precisam estar presentes pelo bem da coletividade. De outro modo, podemos buscar o dever de viver em paz sem querer a verdadeira paz, e tal dever pode vir até nós por: implicação social, uma vez que o homem é um ser gregário, segundo Aristóteles, e estabelece regras para convívio; implicação cultural, que ocorre quando uma sociedade é capaz de estabelecer através de algum meio, como a a lei, a cultura, a religião ou os costumes, uma tradição de ser pacífica e pacific

A crítica a um espantalho

     A coerência crítica é trabalhosa, porque aquele que realiza uma crítica necessita estar aberto ao confronto e manter-se coerente em realizar críticas sobre si mesmo. Alguns aspectos, principalmente aqueles de escopo moral, são bandeiras mais difíceis, por exemplo, o Partido dos Trabalhos ergueu a bandeira contra a corrupção e se envolveu em um dos maiores escândalos de corrupção do país. Infelizmente, a saída para continuar no jogo pode ser a aceitação de uma "moral" frouxa, que muda arbitrariamente de acordo com aquele que tem mais poder, mais influência, assim, dessa maneira, a crítica pode ser realizada abertamente sem preocupações com aspectos que a comprometem. Obviamente, algumas camadas sociais não desfrutam de uma aceitação de descaramento como no campo político prático que se desenvolveu no Brasil, a saber, pode haver mais estranhamento quanto a crítica que um grupo realiza sobre outro quando não busca tratar seus próprios erros.      A crítica pode ser usada po

Ser livre publicamente como uma expressão da liberdade na privacidade

     Quando alguém faz o que é correto por um prêmio de um milhão de reais, é difícil acreditar, porque o mais terrível dos homens pode agir corretamente por benefício. Assim pode acontecer com os atos públicos dos homens quando respeitam regras: há recompensas sociais. Suas intenções estão protegidas e seus atos só precisam convencer aos demais que são na aparência o que defendem ser a essência das coisas. Por exemplo, um político, um líder religioso ou um juiz pode se beneficiar das características do bem para, por meio de seus predicados, receber seus elogios. Podem estar interessados no bem enquanto lhes confere benefícios sociais, assim como psicológicos, para que se sintam parte de algo ou livres de punições. Quando os homens agem por reputação, na medida em que recebem o reconhecimento público, avançam seguros de que a informação de quem realmente são está protegida.      Aos que não são dados às regras, os mais rebeldes, esse esquema de recompensa é difícil, obviamente, porque

Os resultados que esperamos daqueles que castramos

          C.S. Lewis, em uma crítica, confronta aqueles que desprezam a árdua busca pela verdade como constatação de intelecto. Ele afirma que, como sociedade, castramos e exigimos comportamentos adequados. Esse pensamento só pode surgir de uma mente que observa o mundo ao seu redor, que está atenta ao espírito formador de seu tempo. Longe disso, encontramos assentimento com a forma de instruir fundamentada em subjetividade, que despreza o que é objetivo e capaz de forjar homens. O que faz um pai ensinar a um filho que uma pessoa não pode usar um elevador social por causa da posição que exerce na sociedade? Muitas crianças, brancas e pretas, desenvolvem o sentimento de que determinado lugar lhe é próprio. Elas não terão o mesmo problema que outras para entender que um local específico, dadas as circunstâncias adequadas, como a capacidade de consumo, não tem impedimentos de acesso. Mesmo aqueles que desenvolvem capacidade aquisitiva podem ser constrangidos quanto ao consumo de algo por

Por que incentivos importam?

Quando alguém está diante de algo que afeta a sua escolha, como a exposição à dependência química, é ético alertar sobre os efeitos, ainda que tome a decisão de consumir algo que prejudique a sua saúde. Nossas escolhas podem ser influenciadas por hábitos, vícios, cultura ou lei, e, para uma vida em sociedade, buscamos garantias de que a nossa vontade, instrumento pelo qual a mente escolhe, ainda que influenciada, seja o mais livre possível. Na superfície, há uma sensação de completa liberdade, e uma grande concorrência se desenvolve por nossas decisões. Por exemplo, as propagandas de um creme facial contra as marcas do envelhecimento, as programações de fim de semana que lutam por nosso tempo e dinheiro, as leis criadas para não fumar em locais públicos, a falsa vida de influenciadores ou as fake news que buscam manipular uma votação. Estamos sob uma tempestade de concorrências.  Entender os riscos envolvidos em uma decisão é fundamental para uma escolha racional, mas nem sempre as pes

Explorados na necessidade: "pão para hoje, fome para amanhã"

Como cansam esses seres iluminados que acreditam ter em mãos a missão de lutar pela causa dos mais necessitados. Não há gente mais própria, mais pura e capaz de erguer tal bandeira. Podem não ser adequados, mas possuem um coração limpo, do tipo que a corrupção não suporta. Podem não ter capacidade, mas acreditam ter sido reservados para o trabalho, digno apenas dessas almas caridosas que lutam contra um mundo injusto. Usam-se do bem e de tudo que lhes pode atribuir uma imagem de tão bondoso ser, são politicamente corretos. A democracia, que sofre mais que o fígado do Prometeu Acorrentado, nunca foi tão surrada como em suas bocas. Acreditam que, por algumas palavras decoradas, são as criaturas mais inteligentes da terra. Quem pode ser mais generoso que aqueles que lutam pelos pobres para satisfazer seus próprios desejos perversos? Quem pode ser mais próprio que estes que, para comer mais carne, tiram da boca dos que pouco possuem? Quem pode ter mais honra que aqueles que dizem amar os p