Um homem, depois de cometer um crime terrível crime, que o perturbava em sua consciência, tentou de todas as maneiras livrar-se da culpa, e, após certo tempo, pensou, equivocadamente, em rejeitar a ideia de que a moral é construída em sociedade e em aderir à mentalidade de que cada indivíduo pode criar a sua própria moral frouxa, que muda de acordo com seus erros. Mas seu tribunal interno continuou a gritar, e, mesmo diante das distrações que buscava para não manter a mente em silêncio, o julgamento ainda podia ser ouvido: culpado.
Buscou livrar-se do que considerava um tormento no dualismo, no ceticismo, na ética filosófica e, em um dado momento, encontrou no mar do materialismo uma solução: a morte lhe seria o momento em que não mais ouviria uma terrível voz de julgamento pelo mal que realizou. O nada seria a sua solução, a não existência se tornaria o lugar mais adequado para o seu sofrimento. Precisava apenas suportar o julgamento, uma consequência da construção social, enquanto escondia o crime cometido, até aquele dia, quando não mais poderá ser punido pelo horizonte do Direito.
Ele percebeu que a morte, dentro dessa concepção, seria a última porta a ser aberta, que leva ao completo vazio, ao nada, onde a mente do perverso descansa, onde o crime cometido pelo político permanecerá impune, onde a exploração de inocentes realizada por falsos mestres da religião não mais encontrará justiça. Aquela porta levaria ao paraíso de todos os perversos, onde a justiça estará em completo silêncio, e todo o sofrimento jamais encontrará a punição dos criminosos. Um lugar em que o sangue não pode mais clamar por justiça.